Páginas

6 de mai. de 2025

Última postagem do blog



Há um pouco mais de dez anos, quando algumas pessoas ainda escreviam blogs pessoais, eu iniciei este espaço, como um aglomerado de temas e ideias (não necessariamente autorais) que me ocupavam naquele tempo. Eu estudava Psicologia e estava passando por um longo período de desintoxicação religiosa, que havia começado antes disso, ainda na adolescência.

Eu nasci e passei parte da minha adolescência em um ambiente evangelical pouco saudável (pelo menos pra mim não era saudável) do ponto de vista religioso. O ambiente evangélico no final dos anos 90 e começo dos anos 2000 produziu muitas bizarrices: doutrinas sobre cobertura espiritual, atos proféticos, modelos de crescimento de igrejas, encontros com Deus e muita culpa. Sobrava culpa e doutrinas estúpidas e mesquinhas, mas faltava a Graça.

Quando fui alcançado pela boa nova da Graça de Deus, fui adquirindo uma nova consciência cristã e assim fui me desintoxicando e distanciando do ambiente religioso de outrora. Descobri que havia maneiras diferentes de ler a Bíblia, não precisava ser tudo literal – descobri a Teologia. Descobri o ecumenismo e a beleza da “unidade na diversidade”: há doutrinas que são essenciais a todos os cristãos e estão expressas nos primeiros credos da Igreja, mas há doutrinas não-essenciais particulares de cada denominação cristã – e tá tudo bem, isso não nos faz menos irmãos. Descobri a liberdade cristã e me autorizei desfrutar, com moderação, de alguns prazeres que a Bíblia não condena (embora algumas pessoas desaprovem). Descobri a responsabilidade social da Igreja e que a preocupação com a justiça social é um imperativo bíblico e não ideologia mundana. Este blog contém, portanto, os ecos e sínteses empolgadas das minhas descobertas desse período. 

Hoje, visitando este blog, percebi que fazem quatro anos em que nada é postado aqui. Na verdade, de uns tempos pra cá, tenho é retirado algumas postagens antigas que não fazem mais sentido pra mim. Cogitei excluir tudo de vez, mas por hora vou manter. Do que sobrou ainda acho algumas coisas interessantes, embora expressam outra fase da minha vida. Não desprezo essa fase, mas já alguns anos tenho me preocupado muito mais em reconstruir do que em desconstruir. Esse processo de desconstrução religiosa, embora necessário em alguns casos, pode nos tornar pessoas excessivamente críticas, arrogantes e intolerantes com quem não está no mesmo nível de desconstrução... sem contar no risco de nos desconstruimos além do necessário, além do desejável. Por isto, no âmbito teológico não tenho tido mais tanta empolgação com o pensamento dito "progressista" e, sempre mantendo distância do fundamentalismo, tenho me interessado por uma teologia mais moderada e confessional/reformada.

Enfim, gratidão a você que em algum momento visitou esse espaço. Esta é a última postagem do blog.

-----

Guilherme de Freitas 


Nenhum comentário:

Postar um comentário