O
presbiterianismo, principal ramo do calvinismo do Brasil, chegou aqui através
do pastor e missionário estadunidense Ashbel Green Simonton em 1859. Devido
esta influencia norte-americana, podemos dizer que a maioria das instituições
que se declaram calvinistas são profundamente puritanas, com raras exceções. No
artigo que segue, Kendall* demonstra que o calvinismo dos puritanos ingleses
difere absurdamente da teologia de Calvino, especialmente quanto à doutrina da
certeza da salvação. Calvino, inclusive, acreditava na expiação ilimitada.
Os que acreditam
não haver diferenças significativas entre Calvino e seus sucessores puritanos
argumentam que Calvino não expressou sobre certas temáticas, pois elas não eram
objetos de discussão em sua época. Portanto, eles mesmo confessam que há diferenças
de ênfase entre Calvino e os puritanos.
Infelizmente,
aqui no Brasil o "Calvinismo" se reduz à soteriologia puritana
(Cânones de Dort) e ao conservadorismo teológico (leitura não contextual da Confissão e catecismos de
Westminster). Com o aprofundamento das loucuras e interpretações bíblicas
questionáveis no meio neopentecostal, as pessoas têm procurado uma crença mais
bíblica e encontram no fundamentalismo teológico calvinista uma possibilidade.
Todavia, é importante dizer que o legado de João Calvino é muito maior que
isso.
Senta que lá vem
textão.
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Uma das coisas mais fáceis para um
admirador de Calvino fazer é superestimar sua influência direta na e sobre a
Inglaterra. Embora seja certamente possível errar pela subestimação de sua
influência, muito do que pode levar a um exagero de sua influência ocorre
devido a associação popular de que “Calvinismo” seja também Calvino. O termo
calvinismo, nos dias de hoje, é largamente usado alternadamente para muitas
teologias que defendem a predestinação e, por essa razão, há a tentação de rotular
de calvinista qualquer pensador inglês, seja ele pré-elizabetano ou
pós-elizabetano, caso ele creia na doutrina da predestinação incondicional. A
verdade é que a teologia da predestinação, que está embutida na teologia
inglesa do século XVI, precedeu a influência de Calvino por um bom número de
anos. Quando William Tyndale (1536) traduziu e plagiou boa parte do famoso
prefácio de Lutero em seu comentário à Epístola aos Romanos, Calvino só tinha
dezesseis anos de idade. Além disso, reformadores do Continente Europeu, tais
como Peter Martyr (m. 1562), Martin Bucer (1491—1551), e Henry Bullinger
(1504—1575) estavam produzindo um impacto incalculável sobre ingleses, entre
eles Thomas Cranmer (1489—1556), John Bradford (1510—1555) e John Hooper (m.
1555). Todos estes homens podem ser classificados como adeptos da predestinação
em sua teologia.
Dizendo de outra forma, antes de Mary
Tudor (“Mary, a sanguinária”) subir ao trono, em 1553, o nome de Calvino,
embora conhecido na Inglaterra, não era respeitado tanto quanto os de Martyr,
Bucer ou Bullinger. Quando Calvino escreveu ao Arcebispo Cranmer, em 1552,
dizendo que ele “não temeria cruzar dez mares315” para ajudar a curar as
sangrentas feridas do corpo de Cristo, ele, sem dúvida nenhuma, fez-se
benquisto de modo especial aos irmãos ingleses, mas era menos influente do que
os outros. De qualquer forma, a influência de Calvino, durante esse período,
incidia mais provavelmente sobre a eucaristia do que sobre a predestinação.
Enquanto John Hooper dizia que o tratamento dado por Calvino à questão da Ceia
do Senhor “enormemente me desagradou316”, as posições de Cranmer e
de Nicholas Ridley (1500—1555) eram tão semelhantes à de Calvino que é difícil
de acreditar que essa semelhança fosse mera coincidência.
Durante o reinado de Mary Tudor (1553—1
558), cerca de oitocentas pessoas fugiram para o continente317,
praticamente um terço delas foi para Genebra. Havia não menos de 233 membros da
Igreja inglesa em Genebra, liderada por John Knox (o. 1514—1572) e Christopher Goodman
(fl. 1560)318. Em seu elogio fúnebre para a Rainha Mary, em novembro
de 1558, John White, Bispo de Winchester, fez esta predição: “Eu vos advirto
que os lobos [estarão] vindo de Genebra, e de outros lugares... cheios de
doutrinas pestilentas, blasfêmias e heresia para infectar o povo319”.
Estes “lobos” realmente retornaram à
Inglaterra, trazendo consigo a Bíblia de Genebra, uma amostra da Reforma
genebrina, e uma teologia mais fortemente bíblica, que eles aprenderam à sombra
de João Calvino. Não se pode saber o quanto eles foram diretamente
influenciados por Calvino em Genebra. Estes exilados precisavam de entender o
francês para ouvir Calvino pregar na Igreja de São Pedro e precisavam ter
fluência em latim para ouvir suas aulas aos estudantes de teologia. No entanto,
a atmosfera reformada generalizada de Genebra, durante aqueles dias, não
necessitava de tradução. E tal atmosfera “corrompeu” muitos deles de modo que
estavam determinados a tentar reproduzi-la na Inglaterra, quando começaram a
voltar a seu país natal, em 1559. Não há dúvida de que os exilados que
retornaram pavimentaram o caminho para uma influência mais profunda de Calvino
na Igreja Anglicana. A obra de John Foxe Acts and Monuments (Book of Martyrs)
(Atos e Monumentos — Livro de Mártires) manteve viva a memória das horríveis
perseguições sofridas sob Mary e, dessa forma, constituiu garantia maior de que
o Catolicismo Romano não mais seria reavivado na Inglaterra. Enquanto a via
media de Elizabeth I, dificilmente, era o tipo de reforma320 que
estes exilados retornados e não poucos outros desejavam, pode-se suspeitar de
que a influência deles restringiu a disposição da rainha, nominalmente
protestante, de inclinar-se mais às práticas romanas do que ela o fez.
Entretanto, para desânimo de muitos, Elizabeth não reformou a Igreja; ela
apenas “varreu o lixo para trás da porta”321. Aqueles que se
opuseram a uma Igreja “somente meio reformada” foram alcunhados de “puritanos”322.
A Bíblia de Genebra (publicada em
Genebra em 1560) tornou-se a Bíblia familiar do povo inglês, substituindo a
Grande Bíblia (1540), sempre superando em vendas a Bíblia Episcopal (1568) e,
bem depois, superando em vendas a Versão Autorizada (1611), durante uma geração323.
As anotações da Bíblia de Genebra vieram a ser a hermenêutica do povo, pois
eles aprenderam “muito de sua exegese bíblica dessas notas”. Ela era popular
para o povo, mas causava desgosto aos Bispos324”. As notas marginais
eram lidas e aceitas praticamente sem crítica, assim como hoje em dia alguns
lêem as notas da Scofield Reference Bible (Bíblia Anotada de Scofield). A
Bíblia de Genebra foi a primeira edição inglesa a introduzir a enumeração dos
versículos. Ela foi dedicada à Rainha Elizabeth, embora nunca tenha recebido
autorização real ou eclesiástica. Embora o próprio Calvino não tivesse nenhuma
ligação direta nem com a produção nem com as anotações da Bíblia de Genebra,
temos de dar-lhe crédito por sua existência e por uma grande parte de seu tom.
Pois não havia nenhum lugar, além de Genebra, onde uma Bíblia assim pudesse ser
produzida.
Portanto, a influência de Calvino na
Inglaterra, durante o reinado de Elizabeth, foi fortalecida por muitos dos
exilados que regressaram e tornou-se ainda mais aceitável pela popularidade da
Bíblia de Genebra.
Entretanto, as tentativas de uma Reforma
feitas durante o reinado de Elizabeth, até cerca de 1589, eram de natureza
preponderantemente eclesiológica, e não soteriológica. As questões eram
amplamente confinadas a assuntos tais como vestimentas, detalhes da adoração
pública, fazer o sinal da cruz, o lugar da eucaristia no culto em relação ao
lugar da pregação, e também o governo eclesiástico. Acerca do governo
eclesiástico, certos homens, tais como Thomas Cartwright (1535—1603), tendiam
para uma forma presbiteriana. Não se pode negar que a influência de Genebra
deixou parcialmente estas ênfases eclesiológicas para segundo plano, mas dizer
que essas ênfases refletiam perfeitamente as posições ou desejos de Calvino é
ir longe demais. Pois a tendência por uma eclesiologia presbiteriana, na
Inglaterra, era liderada por homens que iam além do próprio Calvino.
Foi esta questão de ir além de Calvino
que, na verdade, se tornou conhecido por Calvinismo, pelo menos na Inglaterra. O
homem que, mais do que qualquer outro foi à mente que arquitetou o Calvinismo
inglês foi o sucessor de Calvino em Genebra, Theodore Beza (1519— 1605).
Talvez, Beza não desejasse que sua teologia fosse conhecida como Calvinismo,
mas sua ação de sistematizar e dar estrutura à teologia teve o efeito de
perpetuar um fenômeno que levava o nome de Calvino, mas que, dificilmente, era
o pensamento puro de Calvino.
O efeito teológico provocado por Beza
foi tanto eclesiológico como soteriológico, extrapolando o pensamento de
Calvino em ambas as áreas. Por exemplo, o presbiterianismo implícito de Calvino
foi explicitado e dogmatizado por Beza. Não era incomum encontrar clérigos não-
presbiterianos proeminentes que evocavam a Calvino como apoio às posições que
defendiam. Quando John Whitgift (1530—1604), que se tornou Arcebispo de
Cantuária em 1583, invocou o nome de Calvino contra aqueles que tendiam para
uma eclesiologia presbiteriana, Cartwright simplesmente respondeu que ele não
cria que algo fosse verdadeiro simplesmente porque Calvino o defendia325.
Entretanto, deve ser dito que durante os
anos de 1580, quando os presbiterianos faziam suas asserções, não havia
equiparação do Calvinismo com nenhuma interpretação particular de eclesiologia.
O termo Calvinismo surgiu mais tarde e foi entendido largamente em termos de
assuntos soteriológicos, sem falar no movimento “clássico” daquele período. A
questão aqui é que Beza dogmatizou o presbiterianismo que tem sido creditado a
Calvino.
Por que isto é assim? A resposta é que,
popularmente, o presbiterianismo estava associado com Genebra, e o venerado
Calvino permaneceu como a figura-mor daquela “santa cidade”. As sutis, porém
definidas, alterações de Beza não pareciam ter importância para a maioria das
pessoas. Certamente, alguém tão próximo de Calvino não poderia ser muito
diferente do mestre! E, mesmo assim, as dificuldades da forma presbiteriana de
governo eram desenvolvidas por Beza e mediadas na Inglaterra principalmente por
Cartwnight e Walter Travers (1548 —1635). Estes dois homens aprenderam aos pés
de Beza, em 1571, e o próprio Cartwright lecionou na Academia de Genebra. O
Bispo Edwin Sandys (c. 1516—1588) citou Cartwnight como “o autor dessas
novidades e, depois de Beza, o seu primeiro inventor326”.
Entrementes, o nome de Calvino veio a
ser mais e mais apreciado na Inglaterra. Seus escritos eram especialmente bem
recebidos. Até 1600, não menos de noventa obras de Calvino foram publicadas na
Inglaterra, incluindo quinze edições da Instituição da Religião Cristã. Esta
obra tornou-se leitura teológica padrão para os estudantes de teologia de
Oxford e Cambridge. Os exilados que retornaram cantavam os louvores de Genebra,
e a Bíblia de Genebra marcava o nome de Calvino nos corações de muitos. A
grande reputação de Calvino estava se tornando suficientemente confiável a
ponto de coisa alguma, vinda de Genebra, receber alguma crítica para sua
aceitação, na maior parte da Inglaterra. Numa palavra, Calvino levou Beza à
Inglaterra numa salva de prata.
E, mesmo assim, devemos dizer que a
influência de Calvino foi tanto engrandecida quanto eclipsada por Theodore
Beza. A obra de Beza Briefe and Pithie Summe of the Christian Faith (Resumo
Breve e Essencial da Fé Cristã) alcançou sua sexta edição até 1589. A Booke of
Christian Questions and Answeares (Livro de Perguntas e Respostas Cristãs) teve
cinco edições entre 1582 e 1586. A Briefe Declaration of the Chiefe Points of
the Christian Religion Set Forth in a Table, lhe Treasure of Truth (Breve Declaração
dos Pontos Principais da Religião Cristã Apresentada num Quadro. O Tesouro da
Verdade) chegou a pelo menos quatro edições até 1613. Estes três escritos
contêm substancialmente tudo o que se precisa saber acerca da doutrina de Beza
sobre a salvação. Uma ironia dessa época é que os homens de percepção eram
capazes de dissociar Calvino da eclesiologia de Beza, mas, aparentemente,
ninguém do reinado elizabetano veio a fazer tal observação a respeito de
Calvino e da soteriologia de Beza. Mesmo assim, Beza foi além de Calvino tanto
nessa questão quanto o fizera na outra. Uma ironia ainda maior é que os
escritos de Beza tornaram o nome de Calvino mais popular do que nunca na
Inglaterra.
A explicação é bem simples: William
Perkins (1558—1602). Perkins veio a Cambridge em 1577, matriculado como
bolsista no Christ’s College. No final de 1584; ele foi indicado como
conferencista no prestigiado púlpito da Great St. Andrews. Seus sermões “não
eram tão claros, mas os piedosos aprenderam a admirá-los; não eram tão inteligíveis,
mas os esclarecidos os entendiam”. Ele “costumava pronunciar a palavra maldição
com uma ênfase tal que deixava um doloroso eco em seus ouvintes por um bom
tempo327”. Na verdade, “o erudito não podia ouvir sermões mais
instruídos, nem o homem da cidade sermões mais claros328”. Além
disso, “todos tinham Perkins como um profeta —quer dizer, um doloroso
despenseiro da vontade Deus em seu mundo329”.
No final do século XVI, Perkins já tinha
substituído tanto a Calvino quanto a Beza, aproximando-se dos escritores
religiosos ingleses que mais vendiam. Alguns de seus livros já estavam sendo
traduzidos para outras línguas. Após sua morte, as obras de Perkins foram
editadas na Suíça, Alemanha, França, Boêmia, Irlanda e Hungria. Além destas,
havia traduções para o espanhol e o gaulês publicadas em Londres. Entre 1600 e
1608, três edições singulares da coleção de obras de Perkins foram lançadas.
Após 1608, as obras reunidas constituíam três volumes in-fólio (totalizando
mais de duas mil e quinhentas páginas), que alcançaram oito edições até 1635,
paralelamente a diversas edições de outros tratados avulsos.
Todos os tratados de Perkins são de
natureza essencialmente soteriológica. Nem uma vez ele se refere a anciãos,
diáconos e cortes eclesiásticas, que tinham sido enfatizados pelos proponentes
do presbiterianismo. A razão disso parece estar no fato de — como Elizabeth
estava efetivamente destruindo o movimento “clássico” e outros radicais
eclesiológicos, por volta de 1589 —‘ Perkins ter visto nisso a mão que escrevia
na parede. Pelos próximos vários anos o empreendimento eclesiológico passou a
ser subterrâneo. Quando, mais tarde, ele deveria vir à tona, os eclesiologistas
radicais não eram meramente Presbiterianos e Separatistas, mas também
Independentes. Tanto os Separatistas como os Independentes adotaram um modelo
congregacional de governo eclesiástico, mas estes últimos procuraram fazer esta
obra dentro da Igreja Anglicana. De qualquer forma, Perkins deixou de lado
questões eclesiológicas em seus tratados e sermões.
Em 1589, Perkins
publicou sua primeira grande obra: A Treatise tending unto a declaration
Whether a man be in the estate of darnnation or in the estate of grace: and if
he be in the first, how he may in time come out of it: if in the second. how he
maie discerne ít, and persevere in the same to the end330. (Um Tratado
tendente a uma declaração caso esteja um homem no estado de condenação ou no
estado da graça; se ele estiver no primeiro, como poderá sair dele em tempo;
se, no segundo, como ele poderá discerni-lo e perseverar no mesmo até o fim).
Este tratado inaugurou uma nova era na teologia inglesa. A expressão Whether a
man, (caso um homem), traduz uma doutrina de fé que, ainda que refinada ou
modificada por seus seguidores, recebeu, contudo, sanção de credo pela
Assembléia de Westminster (1643—1649).
A tese de Perkins ocupava-se da natureza
da fé “salvadora” (que apenas os eleitos de Deus têm), como oposta à fé “temporária”
(que os reprovados ou não-eleitos podem possuir). A preocupação fundamental da
teologia de Perkins centraliza-se na seguinte questão: Como pode alguém saber
que é eleito e não reprovado? A doutrina da predestinação dupla era uma
pressuposição nos escritos de Perkins. Por isso, sua doutrina da fé é
desenvolvida no contexto do ensino de que todos os homens são eternamente
predestinados ou para a eleição ou para a reprovação. A salvação ou a
destruição, céu ou inferno. Em Whether a man, (Caso o homem), Perkins começa
com o inalterável decreto da reprovação. Seu título compreensível é dado como
uma advertência aos cristãos professos para que se examinem a si próprios a fim
de que não ocorra que eles possuam apenas uma fé temporária —uma posição arrogante
à qual os réprobos, embora condenados desde o princípio, podem se ater. Perkins
começa com “Certas proposições, declarando quão longe alguém pode ir à
profissão do Evangelho, e, mesmo assim, ser um homem ímpio e um Réprobo”. Por
trás de sua referência a “quão longe” um reprovado possa ir, está sua posição
de que o não-eleito pode exceder, em “certos frutos, ao eleito” e que isto
acontece pelo que ele denomina uma “chamada ineficaz331”.
Entretanto,
o tratamento que Perkins deu à “chamada ineficaz” não foi muito detalhado até
que sua Magnum Opus apareceu no ano seguinte: Armilla Aurea, que foi traduzida
como A Golden Chain (Corrente Dourada), que, em seu original latino, alcançou
não menos que dezessete edições até 1614 (além de sua inclusão em suas Obras).
É na página de título de A Golden Chain que Perkins revela sua dívida para com
Theodore Beza:
A GOLDEN CHAIN: ou, A Descrição da Teologia:Contendo a Ordem das Causas da Salvação e Condenação, segundo a palavra de Deus. Uma visão da qual pode ser vista no Quadro anexo.Até aqui é utilizada a ordem que M. Theodore Beza utilizou para confortar consciências aflitas.
O
“Quadro anexo” é, na verdade, “a ordem que M. Theodore Beza utilizou”. Pois
Perkins enfeitou a tabela de Beza, que fora um recurso visual na obra deste
último, Briefe Declaration... Set Forth in a Table (Breve Declaração...
Apresentada numa Tabela). Esta “tabela”, ou quadro, torna central a doutrina
supralapsariana da predestinação; na verdade, a doutrina da predestinação dupla
é a realização mais óbvia deste quadro fascinante e é o tema predominante de A
Golden Chain (Corrente Dourada). A contribuição de Perkins à tabela de Beza
foi, simplesmente, fazê-la mais atraente e (possivelmente) mais compreensível.
A tabela de Beza contrastava (1) o amor
de Deus por Seu eleito com Seu ódio pelo reprovado, (2) uma chamada efetiva ao
eleito vis-à-vis a uma chamada ineficaz do não-eleito, (3) um amolecimento do
coração do eleito contraposto ao endurecimento do coração do réprobo, (4) fé
como oposta à ignorância, (5) justificação e santificação versus injustiça e
contaminação, e (6) a glorificação do eleito comparado com a justa condenação do réprobo332.
Todo o sistema teológico de Perkins está
construído sobre a tabela de Beza — a “corrente dourada” de Romanos 8.30.
Whether a man (Caso o homem) começa com a pressuposição de que a chamada
ineficaz do não-eleito é tão poderosa que o sujeito manifesta — a si mesmo e a
outros — todas as aparências do eleito: tais como zelo, boas obras e
santificação. As implicações pastorais deste ensino são enormes. Um cristão
sincero podia muito bem ter medo de ser um réprobo.
Entretanto, esta doutrina não começou
com Perkins ou Beza, mas com o próprio João Calvino. Porém é neste ponto que
podemos ver as sutilezas entre Calvino e Beza. Calvino apontava os homens a
Cristo só quando eles duvidassem de sua eleição, ao passo que Beza indicava aos
homens a sua santificação. Perkins seguiu a solução de Beza e também o uso que Beza
fez de II Pedro 1.10 — “Procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e
eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis” (ERC). Beza e Perkins
viam este verso como a fórmula pela qual as pessoas podiam provar a si próprias
que foram objeto de uma chamada eficaz. Segundo Pedro 1.10 tornou-se o
estandarte bíblico para o Calvinismo inglês. Perkins e seus seguidores
concentraram, na consciência, a certeza que deve ser derivada deste verso. E
aqui que rapidamente se pode reconhecer a diferença entre as tradições de
Calvino e as de Beza-Perkins.
Pode-se ver, prontamente, o dilema que
há em tentar resolver o problema de saber se é ou não eleito, examinando sua
santificação. Se as pessoas podem alcançar a santificação através de uma
chamada ineficaz, como podem elas estar certas de que a santificação que vêem
em si mesmas provém de uma chamada eficaz?
Calvino tinha conhecimento deste modo
insatisfatório de se lidar com a questão de segurança. Mesmo assim, esta razão
básica para se evitar este modo de lidar com II Pedro 1.10 não era meramente
por causa da óbvia cilada da ansiedade contínua. Ele apontava Cristo às pessoas
pela mesma razão que Beza não podia fazê-lo: a questão da “extensão” da
expiação. Calvino lhes indicava diretamente a Cristo, porque Cristo morreu
indiscriminadamente por todas as pessoas. Beza não podia indicar Cristo
diretamente às pessoas porque (segundo ele) Cristo não morrera por todos;
Cristo morreu apenas para os eleitos. Diz- se a alguém que sua única esperança
de ser salvo é tornar-se um daqueles por quem Cristo morreu, há a possibilidade
de se estar confiando no Cristo que não morreu por esse alguém. Beza tirou o
decreto da eleição da eternidade e o fixou na morte de Jesus na cruz. Em outras
palavras, o número de eleitos e o número daqueles por quem Cristo morreu é o
mesmo. Não se podia ter mais satisfação olhando para Cristo do que se podia
tê-la ao olhar para os eternos decretos de Deus.
Beza sabia disso e, com isto em mente,
desenvolveu sua teologia. Então, ele apresentou esta solução: nós olhamos para
dentro de nós mesmos. Não podemos subir até ao eterno conselho de Deus, mas
podemos ver se Ele está operando em nós:
“Agora, quando Satanás nos põe em dúvida sobre nossa eleição, nós não podemos procurar a resolução dela no eterno conselho de Deus, cuja majestade não podemos compreender, mas, ao contrário, devemos começar pela santificação que sentimos em nós mesmos... uma vez que nossa santificação, da qual procede a boa obra, é um efeito seguro do efeito (maior) ou, antes, de Jesus Cristo habitando em nós pela fé” (grifo meu)333.
A diferença entre Calvino e Beza sobre
este assunto é que Calvino fez do objeto da fé e da base da segurança a mesma
coisa (a morte de Cristo), mas Beza fez uma separação entre o objeto de fé (a
morte de Cristo) e a base da segurança (santificação). Para Beza, não se podia
ter conhecimento de que se poderia olhar seguramente para Cristo senão depois
de se ter suficiente certeza da santificação. Mas, Calvino afirmou: “Se Pighius
me pergunta como eu sei que sou eleito, eu respondo que Cristo para mim é mais
do que mil testemunhos334”. Calvino pôde dizer isso por causa de sua
convicção de que Cristo morreu por todos335.
Havia mais uma diferença entre Calvino e
Beza, que merece nossa atenção. Beza levantou uma questão que Calvino
considerava ser especulativa, a saber, a ordem dos decretos. Partindo de
Romanos 9, em geral, e particularmente da discussão de Paulo sobre a “massa336”,
Beza construiu um sistema que, mais tarde, veio a ser conhecido como
supralapsarianismo, um termo que aparentemente emergiu próximo da época do
Sínodo de Dort (1618—1619). Ele levantou a questão sobre se o termo massa
significa “a humanidade criada e corrompida, da qual Deus ordenava [sic] alguns
para a honra e alguns para a desonra”, e concluiu:
“Não há dúvida de que Deus tomou ambos os tipos da mesma massa, ordenando para eles, fins contrários. Agora também eu digo, e afirmo abertamente, que Paulo, semelhante-mente, reportou-se à mencionada ordenança soberana à qual, na ordem das causas, está submetida a própria criação da humanidade, e, por essa razão, o Apóstolo pôde antever a prevista corrupção da humanidade. Pois, primeiramente, pelo termo massa (massae), é manifestamente sugerida uma substância ainda informe (materia adhuc rudis), e preparada apenas para ser trabalhada mais tarde. Novamente, ao comparar Deus a um oleiro, e a humanidade a uma massa de barro, da qual se farão os vasos posteriormente, sem dúvida nenhuma o Apóstolo inferiu a primeira criação do homem. Além disso, ele estaria falando inadequadamente, por assim dizer, se os vasos de ira não fossem feitos dessa massa. Pois se essa massa significa a humanidade corrompida, então já deveriam existir os vasos para a desonra, e não se diria que o oleiro deveria fazê-los de modo diferente daquele que já eram337”.
O máximo que a posição de Calvino poderia
aproximar-se da posição de Beza, seria dizer que os homens são escolhidos
dentre uma “massa corrupta338”. Porém, ele não disse nada mais, nem
explicou como chegou a essa conclusão. Beza,
por outro lado, alegou que tanto os eleitos quanto os réprobos foram
predestinados a partir de uma massa “ainda informe”. O supralapsarianismo,
então, afirma que os decretos da eleição e da reprovação têm prioridade
cronológica sobre os decretos tanto da Criação como da Queda; dessa forma, para
o supralapsarianismo, a predestinação se refere aos destinos de pessoas ainda
não criadas, e muito menos decaídas.
É neste ponto que podemos ver, mais claramente,
porque o ensino de Beza veio a ser conhecido como Calvinismo. Perkins não
somente incorporou o supralapsarianismo de Beza, em A Golden Chain, mas, ao
escrever De Praedestinationis Modo et Ordine339, ele desenvolveu
este supralapsarianismo em detalhe ainda maior. E não somente isso; Perkins
denominou-a “a doutrina dos calvinistas340”.
O fato de Perkins ter denominado seu
sistema de “a doutrina dos calvinistas” sugere: (1), que ele considera que as
posições dele e de Beza são as de Calvino e, (2), que ele não leu Calvino
inteiramente ou criticamente. Na verdade, quando Perkins cita Calvino, o faz
sempre com aprovação; e ele não oferece nenhuma indicação de ver alguma
diferença entre Calvino e Beza, ou entre ele próprio e Calvino. Ele admite
livremente que segue o esquema de Beza e dá razão a seus leitores para
presumirem que tanto ele como Beza estão prosseguindo no ensino do próprio
Calvino.
Entretanto, Perkins não seguiu somente a
Beza. Havia um grupo de teólogos de Heidelberg sobre os quais Perkins também se
baseava. O principal destes era Zacharias Ursinus (1534—1583). Em 1563, Ursinus
e Kaspar Oievianus (1536—1587) redigiram o famoso Catecismo de Heidelberg.
Ursinus escreveu um comentário sobre este catecismo que foi muito lido na
Inglaterra, a saber, The Summe of Christian Religions (A Essência da Religião
Cristã)341.
A teologia contida em The Summe deu
origem ao que agora é conhecido como teologia federal. Esta é uma questão
conhecida como a aliança das obras e a aliança da graça, embora tenha surgido
como “aliança das obras” e “aliança da fé”, em The Summe342. Ursinus
apresentou esta questão como suposição, não como inovação. Não se sabe quão
amplamente esta posição foi defendida. Ela não faz parte da teologia de
Calvino; mas está de acordo, consistentemente, com o pensamento de Beza. De
qualquer forma, Perkins tomou esta posição por empréstimo e ela se tornou uma
pressuposição do Calvinismo inglês, a partir de Perkins343.
Mas havia uma outra expressão que
Perkins podia ter tomado por empréstimo de Ursinus: o “silogismo prático344”.
Ursinus centralizava a fé numa “boa consciência345” e afirmava que a
consciência não é “nada mais que” “um Silogismo Prático” da mente346.
Perkins aceitou este modo de pensar e construiu sobre ele toda a sua doutrina a
respeito da fé, pois ela se adequava perfeitamente ao esquema de Beza. Perkins
utilizou o “silogismo prático” de duas formas: (1), para extrair uma conclusão
do fato de alguém ter crido e (2) para refletir sobre as aparências da
santificação em si mesmo e tirar uma conclusão. Perkins pôde afirmar a
hipótese: “Todo aquele que crê, é filho de Deus”. A tese é: “Pois eu creio”. A
conclusão que se segue é: “Por essa razão eu sou filho de Deus347”.
Ou ele podia afirmar desta forma:
“Aquele que crê e se arrepende é filho de Deus”. Assim diz o Evangelho:
“Mas, eu creio em Cristo e me arrependo: pelo menos eu sujeito minha vontade ao comando que me ordena arrependimento e fé: eu detesto minha incredulidade, e todos os meus pecados: e desejo que o Senhor aumente minha fé. “Por essa razão eu sou filho de Deus348”.
Em outras palavras, o “silogismo
prático” tornou-se a base da segurança. Perkins não indicava Cristo às pessoas,
mas indicava esta reflexão sobre si próprio. Esta última veio a ser conhecida
como ato reflexo. Era um empreendimento subjetivo e introspectivo. Perkins
também não conduzia as pessoas a Cristo antes de elas, primeiramente, terem
satisfeito as exigências do “silogismo prático”. Perkins chegou a ponto de
igualar o “silogismo prático” ao testemunho do Espírito. Mas, “se o testemunho
do Espírito de Deus não for tão poderoso no eleito”, então a pessoa deve olhar
para a segurança da sua eleição “pelo outro efeito do Espírito Santo: a saber,
a Santificação349”.
Perkins menciona os seguintes “efeitos”
da santificação: (1) sentir amargura no coração, quando ofendemos a Deus pelo
pecado, (2) lutar contra a carne, (3) desejar sinceramente a graça de Deus, (4)
considerar que a graça de Deus é a jóia mais preciosa, (5) amar aos ministros
da Palavra de Deus, (6) invocar a Deus sinceramente e com lágrimas, (7) desejar
a segunda vinda de Cristo, (8) evitar qualquer ocasião de pecado, e (9)
perseverar nestes efeitos “até o último fôlego de vida”. E, mesmo assim, se
estes efeitos forem somente “muito fracos”, não deveríamos desanimar; significa
que Deus está nos testando. Pois a ausência destes efeitos não significa que
nós somos não-eleitos. Pois Deus, “efetivamente”, com freqüência, prefere
aqueles que parecem mais que todos ser estranhos ao seu favor350”.
Esta ênfase sobre a piedade cristã pode
muito bem ser considerada como conseqüência das ênfases de Calvino. Pois a vida
religiosa, de forma alguma diferente destes “efeitos”, não é menor em Calvino
—, porém com esta diferença crítica: Calvino via estes efeitos como
vindos da segurança, não como produzindo a segurança. Pois “quando o cristão
olha para si mesmo, ele pode encontrar base apenas para ansiedade, na verdade,
para o desespero351”. Não deveríamos buscar segurança pela “conjectura”,
pois a fé corresponde “a uma promessa simples e livre; por isso, “não há lugar
para a dúvida352”. Por essa razão, a fé, em si, é asseguradora para
Calvino, porque, por ela, se olha para a promessa gratuita; Calvino não faz
qualquer distinção entre fé e segurança. E a fé, ou segurança, que produz a
santificação que deve caracterizar o eleito de Deus. Mas, os eleitos nunca
devem olhar primeiramente para sua santificação. Até ao ponto em que nossa
obediência confirma nossa adoção, o “conhecimento experimental” pode fornecer
“auxílio subsidiário” à sua “confirmação353”. Porém, tais frutos
somente podem dar conforto a posteriori354. O amor, então, pode
servir como um auxílio inferior, e como um “amparo para nossa fé355”
Mas, mesmo no contexto desta declaração, se apressa em acrescentar que ninguém
deve concluir disto que “devemos olhar para nossas obras para que nossa
segurança seja firme356”.
Por trás dessas afirmações de Calvino
está sua convicção de que o lugar da fé é o coração357. Com o termo
“coração” ele quer dizer a mente, não a vontade. A vontade é “anulada” na
conversão358. Pela fé a pessoa é “convencida por uma firme convicção359”,
e tal convicção se manifesta numa mente totalmente persuadida. O “coração”
freqüentemente significa “a mente em si”, diz Calvino, “que é a faculdade
intelectual, da alma360”.
E neste ponto que podemos ver porque
Perkins pensava estar verdadeiramente seguindo a Calvino. Pois Perkins insistia
em que o “lugar da fé” é a “mente do homem, não a vontade”. Ele pensava que
isto era verdade porque a fé “situa-se num conhecimento ou persuasão especial,
e não há persuasão a não ser pela mente361”. Mas, Perkins devia ter
dito que é a segurança, certamente não a fé, que está situada na mente. Pois
ele define a fé como “apreender e aplicar Cristo” em si próprio362.
É a “aplicação” de Cristo que precede a segurança. Para Perkins não há um modo
pelo qual a pessoa possa se assegurar simplesmente apreendendo a Cristo. Uma
pessoa estará segura somente quando for capaz de refletir que, verdadeiramente,
aplicou Cristo à sua vida. Tal segurança, ou persuasão, realmente acontece na
mente. Mas esse “aplicar”, com certeza, está na vontade. Dessa forma o ato da
vontade precisa aparecer antes que o ato reflexo possa acontecer na mente. O
que Perkins, então, deveria ter dito é que a fé está localizada na vontade e a
segurança está localizada na mente.
Mas, aparentemente, Perkins era incapaz
de compreender isto. Ele estava muito envolvido em seus próprios esforços em
olhar para Calvino, Beza e Ursinus com objetividade. Ele não percebeu que as
doutrinas de Beza e de Ursinus eram vinho novo que não se mantinha bem nos
odres de Calvino. O uso do “silogismo prático”, por Perkins, estabeleceu uma
distinção entre fé e segurança, distinção que ele fora incapaz de vez.
O sistema de Perkins, que parece ser tão
teocêntrico, torna-se antropocêntrico em sua aplicação. Ele requer uma
“incursão em nossos próprios corações363”, a introspecção contra a
qual Calvino advertira. O ensino da expiação limitada é a doutrina principal
responsável pela confusão da fé com a segurança, no pensamento de Perkins.
Uma vez que não havia maneira, exceto a
revelação extraordinária, pela qual uma pessoa poderia saber se pertencia
àqueles por quem Cristo morreu, então a pessoa precisa fazer certas coisas para
deduzir sua segurança.
Thomas Fuller diz que Perkins teria
morrido “no conflito de uma consciência atribulada”. Isto não é “nenhum
milagre”, diz ele, pois Deus, “aparentemente, abandona seus santos quando eles
abandonam o mundo, lançando-os em seu leito de morte em profundas tentações, e
lançando suas almas até ao inferno, para ressoar mais alto até aos céus364.
Samuel Ward, que visitou o moribundo
Perkins, escreveu em seu diário: “Deus sabe que sua morte, provavelmente, será
uma perda irreparável e um grande juízo para a universidade, vendo que não há
ninguém para tomar o seu lugar365”. Em 25 de outubro de 1602, James
Montagu pregou o sermão no ofício fúnebre, utilizando Josué 1.2: “Meu servo
Moisés é morto”.
Quando os sinos dobraram na morte de
Perkins, Thomas Goodwin, que se tornou um clérigo líder na Assembléia de
Westminster, tinha dois anos de idade. Goodwin veio a Cambridge em 1613 e, mais
tarde, escreveu que a cidade refletia a plenitude do poderoso discurso do
ministério de Mr. Perkins366”. John Cotton, entretanto, alegrou-se
secretamente com a morte de Perkins. Os sermões de Perkins tinham perturbado
profundamente o jovem Cotton, então com dezoito anos, e ele ficou aliviado ao
ver-se livre de Perkins. Mais tarde, Cotton converteu-se mediante a pregação de
Richard Sibbes. Sibbes tinha-se convertido com Paul Baynes, o sucessor de
Perkins, em St. Andrews.
Paul Baynes (m. 1617) nunca alcançou a
estatura de Perkins, nem em popularidade, nem em influência. Ele teve várias de
suas obras publicadas, mas estas não trouxeram uma contribuição significativa.
Entretanto, há um ponto digno de menção: Baynes mudou o problema de “quão longe
um réprobo pode ir” para “quão longe um incrédulo pode ir367”.
Baynes é a primeira figura da tradição de Perkins que parece mudar,
conscientemente, a direção do homem ansioso em sua dúvida, evitando que ele
encare a terrível possibilidade de uma chamada ineficaz. A substituição que
Baynes fez do termo réprobo pelo termo incrédulo tende a afastar o horror de se
estar eternamente perdido.
Richard Sibbes (m. 1635), embora
seguindo claramente a tradição de Perkins, continuou no espírito da preocupação
pastoral tão óbvia em Paul Baynes. “O celestial Dr. Sibbes” era o mais
acalorado pregador inglês da tradição Beza-Perkins. Havia muito pouco na
pregação de Sibbes que poderia fazer alguém se preocupar com o fato de não ser
um eleito e ter apenas uma fé temporária. Por essa razão ele enfatizava o lado
positivo dizendo que Cristo não “quebrará a cana esmagada368”. “Você
está esmagado? Fique confortado, Ele o chamou369”.
Embora permanecesse na tradição de
Perkins, Sibbes desviou a ênfase da fé do entendimento para a vontade. Mas o
próprio Perkins deveria ter feito isto.
“O principal elemento da religião é a vontade juntamente com as emoções, e quando a vontade e as emoções estão prontas, a obra é feita em termos da graça. E não há outro modo de saber se a obra anterior levada a efeito pelo entendimento e pela persuasão foi eficaz e com propósito ou não, além deste: saber se a vontade escolhe e se apega a coisas boas, e se nossas emoções nelas se alegram e se deleitam370”.
Não surpreende então que a doutrina da
segurança de Sibbes está baseada em um “ato reflexo inerente à alma371”.
Este ato de reflexão é o segundo de um “ato duplo de fé”, uma idéia que Sibbes
desenvolveu à luz de sua observação de que muitos filhos de Deus esperam um
longo tempo até terem a segurança. O primeiro ato é confiar em Deus e na
promessa; o segundo é “o ato reflexo, através do qual, se conhecemos, fazemos,
e temos a segurança”. E é possível que alguém tenha o primeiro sem ter o
segundo372. Isto significa virtualmente que uma pessoa pode ter fé
sem ter a segurança, um ponto que está implícito no sistema de Perkins, mas que
o próprio Perkins não percebeu.
O mais famoso discípulo de Sibbes foi
John Cotton (1584—1652). Cotton tornou-se um ministro e encaixou-se no modelo
estabelecido por Perkins, dando continuidade somente a algumas das posições de
Perkins, conforme Sibbes o fizera. Perkins tinha dito que a obra da conversão
deveria ser distinta e entendida como ocorrendo entre os “inícios da
preparação” e os “inícios da composição373”. Mas, ele não deu total
continuidade às implicações da doutrina da preparação para a graça. Sibbes
disse simplesmente que “todas as preparações são de Deus374”, uma
posição que qualquer pessoa adepta da predestinação sustentaria obviamente. Mas
Cotton avançou muito mais na direção da preparação para a graça, ao sugerir uma
preparação da parte do homem antes da regeneração. Nós devemos “preparar um
caminho para que Cristo venha a nós, afirmava Cotton375. Sua
expressão favorita, neste assunto, era a expressão “preparado para Cristo”:
Quando estamos “desejosos de ser aquilo que Cristo quer que sejamos”, então
estaremos “preparados para que Cristo venha para dentro de nós376”.
“Se não houver nada no coração de um homem, mas ele estiver desejando ser guiado pelo reto governo da Palavra de Deus, e ele tem, como direto objetivo, a glória de Deus, a vinda de Seu Reino e fazer Sua vontade, então é só o homem deixar de lado seus caminhos tortos, e o coração estará tão aplainado, que Cristo subitamente adentrará em Seu templo377...”
Cotton passou por uma mudança radical de
mente entre a época em que pregara seus primeiros sermões (conforme encontrados
em Christ the Fountaine of Life — Cristo a Fonte da Vida) e sua chegada na
América, em 1633. Mas não podemos tratar deste assunto aqui378. Seus
sermões pregados na Inglaterra demonstraram que ele estava definidamente na
tradição de Perkins, mesmo levando as implicações das posições de Perkins para
mais perto de sua conclusão lógica.
Entretanto, o primeiro ministério de
Cotton estava longe de ser improdutivo. Em 1611, ele pregou um sermão que
pensava ser muito pobre. Ele foi para seu quarto num estado melancólico. Ouviu
baterem na porta do seu quarto. Era John Preston, que se tinha convertido
recentemente pelo sermão de Cotton. Preston (m. 1628) alcançou o grau B.D. e
tornou-se deão do Queen’s College em Cambridge. Ele foi o primeiro homem da
tradição de Perkins que conquistou o favor real; Seu relacionamento íntimo com
o Duque de Buckingham parece ter exercido grande influência para sua indicação
como Capelão efetivo do Príncipe Charles.
Preston foi muito influenciado por
Cotton, mas era também um amigo muito íntimo de Sibbes, que auxiliou na
publicação de alguns dos sermões de Preston.
Preston foi o primeiro homem dessa
tradição, desde Perkins, a dar ampla ênfase à aliança das obras e à aliança da
graça. A aliança das obras consiste nisto: “Faze isso, e viverás”. A aliança da
graça é: “Crê” e “receberás o dom da justiça379”. A contribuição de
Preston a esta tradição está principalmente no fato de fazer da fé uma
disposição, e, ao fazê-lo, ele se aproxima muito da idéia da preparação para a
graça anterior à regeneração. Utilizando-se de raciocínio em círculo, Preston
afirma que o Espírito precisa modificar nossa disposição, e, mesmo assim, ele
enfatiza que há coisas que devemos fazer antes de podermos ter os benefícios da
aliança da graça380. Ele afirma que a promessa feita a Abraão não
estava baseada no “ato particular” de fé, “mas naquele hábito, naquela graça da
fé, naquela disposição para crer381”.
Dessa forma, ao mesmo tempo em que ele
dizia que a condição da nova aliança é a fé, a aplicação que fazia disto não
enfatiza a fé, mas sim o arrependimento: “A Condição que de nós é requerida,
como parte da Aliança, é fazer estas coisas; a ação, o efetuar estas coisas, é
arrepender- se, servir ao Senhor em novidade de vida382”. “Tu deves
saber” que “estás dentro da aliança”, assim como Abraão, “porque tua fé opera383”.
A segurança é, na verdade, o segundo de dois atos de fé: (1) o “ato direto” é receber
a Cristo, e (2) o “ato reflexo” é aquele pelo qual “nós sabemos que temos
recebido a Cristo384”. O segundo ato está “baseado na nossa própria
experiência385”.
Preston, mais do que outros que
examinamos até agora tende a fazer do arrependimento uma forma de preparação
para fé. Tal arrependimento, caso seja constatado, dá segurança.
Conseqüentemente, este fato sugere maior interesse na religiosidade do que em
Deus386.
Mas foi Thomas Hooker (1586—1647) quem
deu a esta tradição um ensino completamente desenvolvido sobre a preparação
para a fé, anterior à regeneração. Isto fica bem evidente simplesmente ao
citarmos o título do tratado de Hooker, The Unbeleevers Preparing for Christ (A
Preparação dos Incrédulos para Cristo). Giles Firmin (m. 1692) relata um
incidente interessante:
“Quando Mr. Hooker pregava aqueles sermões acerca da preparação das almas para Cristo, e da humilhação, meu sogro, Mr. Nath Ward, lhe disse: Mr. Hooker, o senhor faz tão bons cristãos antes de eles estarem em Cristo, como eles nunca o são depois; e disse: Eu gostaria de ser agora um cristão assim tão bom, como o senhor faz os homens serem, enquanto eles apenas estão se preparando para Cristo387”.
Podemos resumir toda a teologia de
Hooker nestas palavras: “Antes de a alma de um homem poder participar dos
benefícios de Cristo, duas coisas são necessárias: Primeiro, que a alma seja
preparada para Cristo. Segundo, que a alma seja implantada em Cristo388”.
Esta preparação é o ajustamento de um pecador para poder estar em Cristo389”.
A posição de Hooker é que o homem natural, através da graça universal, “é capaz
de esperar por Deus quando estiver capacitado para receber a graça390”.
Os detalhes do sistema de Hooker são muito intrincados para que se possa
examiná-los aqui. Porém, devemos fazer duas observações: (1) que a teologia de
Hooker é o produto final do sistema Beza-Perkins, cuja doutrina da segurança
requeria uma introspecção desde o principio, e (2) que podemos ver o quão
distante o “Calvinismo” ficou de Calvino.
Há mais um personagem que merece nossa
atenção — William Ames (1576—1633). Ames foi o mais famoso aluno de Perkins,
mas, diferentemente da maioria dos seguidores de Perkins — que ficaram
distantes de confrontações eclesiásticas —‘ Ames teve problemas com a
hierarquia e fugiu para a Holanda. Pouco depois de ter chegado à Holanda, ele
envolveu-se com os Protestantes — os ardentes seguidores de Armínio
(1560—1609). O próprio Armínio tinha lido a obra de Perkins De Praedestinationis
Modo et Ordine. Armínio preparava uma resposta a Perkins, em 1602, mas não a
publicou ao saber da morte de Perkins, no mesmo ano. Entretanto, os
Protestantes publicaram o panfleto de Armínio em 1612, pouco depois de Ames ter
chegado à Holanda.
Armínio fez algumas críticas
concludentes ao tratado de Perkins. Numa palavra, Armínio declarou sustentar
virtualmente a mesma doutrina de Perkins a respeito da fé. Ames parece ter
lucrado com as críticas de Armínio, pois ele retomou a posição de Perkins e
refinou a teologia deste, tornando-a mais defensável. Ames manteve a doutrina
básica da predestinação, segundo Perkins, embora tenha feito duas
mudanças’importantes: (1) Ames retirou dela a noção de chamada ineficaz e (2)
colocou a fé como baseada na vontade e não no entendimento. A escandalosa
doutrina da fé temporária, de qualquer forma, tinha estado escondida sob o
tapete desde a morte de Perkins, e Ames concedeu a este ensino um funeral decente.
Ao fazer da fé um ato da vontade, ele simplesmente disse o que o próprio
Perkins deveria ter dito391.
O saldo resultante do ensino de Ames foi
este: ao fazer da fé um ato da vontade e ao rejeitar a possibilidade de que o
não-eleito possa alcançar a santificação, Ames pôs a certeza da salvação dentro
do alcance imediato de qualquer um que desejasse ser piedoso. A ameaça da fé
temporária tinha passado. Pois “a santificação é um certo efeito e sinal” da
eleição392, “é, como se fosse, eleição de fato”. Ames prosseguiu
dizendo que este princípio serve para refutar àqueles que acham possível que a
santificação esteja “nos não eleitos393”, uma inquestionável alusão
a seu mentor. Finalmente, Ames deu sua valorizada sanção à separação entre fé e
segurança. Isto ele sistematizou em sua obra Marrow (Essência).
Em um sermão proferido na Câmara dos
Comuns, em 1641, Edmund Caleamy (1600—1666) insistiu para que o Parlamento não
apenas “extirpasse o arminianismo” mas, também, que estabelecesse a doutrina da
Igreja de tal modo que “não houvesse nela lugar para um arminiano394”.
Em 12 de junho de 1643, o Parlamento convocou “uma Assembléia de Teólogos
Sábios e Eruditos” para deliberar, com o Parlamento, a respeito do
estabelecimento de um Governo e Liturgia da Igreja, e “para defender a pureza
da Doutrina da Igreja Anglicana contra todas as falsas calúnias e difamações395”.
A histórica Assembléia de Teólogos
reuniu-se em Westminster, pela primeira vez, em 1o de julho de 1643. Quando os
121 teólogos foram escolhidos, havia entre eles um consenso a respeito da
Soteriologia; isto fora garantido pela cuidadosa seleção realizada pelo
Parlamento. Embora houvesse diversidade quanto à Eclesiologia, havia unidade
quanto à Soteriologia. Em 20 de agosto de 1644, a Assembléia nomeou uma
comissão para se reunir com os delegados escoceses a fim de redigir uma
Confissão de Fé. Talvez a revelação mais notável das Minutes (Minutas) da
Assembléia, como um todo, é a aceitação aparentemente inquestionável de uma
distinção entre fé e segurança, pois “Fé” era um dos cabeçalhos da Confissão, e
“certeza de salvação” era outro396. Esta divisão entre fé e
segurança parece ter sido aceita, implicitamente, já anteriormente na
Assembléia. Não há indicação de qualquer questionamento a respeito desta
importante divisão. Dessa forma, a posição de Calvino de que a fé é a segurança
foi considerada impossibilitada de figurar nos documentos de Westminster desde
o princípio.
Quando a Confissão de Westminster afirma
que “a segurança infalível não pertence à essência da fé”, ela, virtualmente,
sancionou a orientação seguida por Perkins e refinada por William Ames. Os
Documentos de Westminster tiveram uma redação tão semelhante ao Marrow de Ames,
em certos pontos, que é de se suspeitar que os teólogos tivessem Marrow em mãos
ao deliberarem. Ao separar a fé da segurança, a teologia de Westminster
reafirmou, sem usar linguagem expressa, o que os seguidores de Perkins vieram a
chamar de ato direto (fé) e ato reflexo (segurança).
A teologia da Confissão de Westminster é
universalmente considerada como Calvinista. Ela devia antes ser vista como a
culminação da tradição Beza—Perkins. A teologia de Westminster, no entanto, sem
dúvida, continuará a ser conhecida por Calvinismo conforme o era nos anos de
1640. Mas ela, dificilmente, é o tipo de teologia que levaria uma pessoa a
proclamar, por um ato “direto”, que “Cristo é para mim melhor do que mil
testemunhos”.
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NOTAS:
*R.T. Kendall é ministro
da Capela de Westminster, em Londres. É graduado pelo Trevecca Nazarene College, Southern Baptist TheoIogical
Seminary, University of Louisville e Oxford University. É natural de Ashland, Kentucky (USA), e é o
primeiro americano a se tornar ministro da Capela de Westminster. Serviu no
ministério pastoral na Flórida e em Indiana. Dr. Kendall é autor de Calvin and
English Calvinism to 1649 (Calvino e o Calvinismo Inglês até 1649) (Oxford
University Press), Jonah: an Exposition (Jonas: Uma Exposição) (Zondervan), e
Believing God (Crer em Deus) (Zondervan). Ele é editor da publicação mensal
Westminster Record (Informe de Westminster). Ele é membro do Oxford and
Cambridge Club.
316 Original Letters (Cartas Originais) (Cambridge:
Cambridge University Press, 1846). 1: 48.
317 C. H. Garratt, The Marian Exiles (Os Exilados
Marianos), (Cambridge: Cambridge University Press, 1938). pp. 32 ss.
318 S. K. Knox, “A study of the English Genevan Exiles”
(Estudo sobre Os Exilados Ingleses de Genebra) (B. L. H. lhesis — tese de B. L.
H., Trinily College. Dublin,
1953). p. 130.
319 John Strype,
Ecclesiastjcal Memorials (Memoriais Eclesiásticos) (Londres: Wyat, 1721), III,
iii, 42.
320 O “caminho
intermediário” de Elizabeth é aquele que foi Visto como de certa forma entre o
catolicismo romano e a reforma completa desejada por muitos rotestantes.
321 William Haller,
The Rise of Puritanism (A Escalada do Puritanismo) (Nova Iorque: Columbia
University Press, 1938), p. 8.
322 Ver Palrick
Collinson, The Elizabethan Puritan Movement (O Movimento Puritano Elizabetano)
(Londres: Cape, 1967), pp. 29 ss. Ver
também Thomas Fuller, The Church History of Great Britain (A História da Igreja
na Grã-Bretanha) (Oxford: Oxford University Press, 1845), 4: 327.
323 S. L. Greenslade, Cambridge History of the Bible
(História da Biblia de Cambridge) (Cambridge: Cambridge Universily Press,
1950). 3:158. 10. F. F. Bruce, The English Bible (A Biblia Inglesa) (Londres:
Lutterworth, 1961), p. 90.
324 H. W. Robinson, The Bible in its Ancient and English
Version (A Biblia em Suas Versões Inglesa e Antiga) (Oxford: Clarendon, 1940),
p. 186.
325 Ver Collinson, Elizabethan Puritan Movement
(Movimento Puritano Elizabetano), p. 140.
326 Ibid., p. 110.
327 Samuel Clarke, The Marrow of Ecclesiastical History
(A Essência da História Eclesiástica) (Londres: Miller, 1675), p. 415.
328 Thomas Fuller, Abel Redivivus (Londres: Stafford,
1651), p. 434.
329 Fuller, Church
History (História da Igreja). 5:170.
330 A partir daqui
denominado Whether a Man (Se um Homem).
331 The Workes of that Famous and Worthy minister of
Christ in the Universitie of Cambridge. Mr. William Perkins (As Obras do Famoso
e Digno Ministro de Crista na Universidade de Cambridge, Sr. William Perkins)
(Columbia: Legal, 1608-1609)1:356, 107 ss.
332 A tabela de
Beza foi produzida tanto em A Briefe Declaration (Uma Breve Declaração)
(Londres: Moptid and Malhar, 1575), como em The Treasvre of Truth (O Tesouro da
Verdade) 115761. Estes livros são excepcionalmente raros.
333 T. Beza, Briefe
and Pithie (Sumário e Essência) (Londres: Moptid and Malhar. 1572), pp. 36-37.
334 J. Calvino.
Concerning the Eternal Predestination of God (Sobre a Predestinação Eterna de
Deus) (Naperville. III.: Allenson, 1965), p. 135.
335 Sobre uma
exposição e defesa do que para alguns pode ser visto como uma declaração
cntroverlida, ver meu livro: Calvin and English Calvinism to l649 (Calvino e o
calvinismo inglês até 1649) (Oxford: Oxford University Press, 1979).
336 “Não tem o
oleiro o direito da mesma massa da barro fazer alguns vasos para uso nobre e
outros para uso comum?” (Rm 9.21, NIV).
337 A Book of
Chrislian Questions and Answers (Um livro de Perguntas a Respostas Cristãs)
(Londres: Harrison, 1572), pp. 84-85.
338 João Calvino,
Institutas, III. xxiii. 3.
339 Traduzido como
A Christian and Plan Treatise of Predestination (Um Tratado Singelo a Cristão
sobre a Predestinação) em 1606.
340 W. Perkins, no
prefácio, ibid.
341 A partir daqui
denominado The Summe (A essência) (Londres: Young, 1633), alcançou não menos do
que oito edições na Inglaterra entre 1587 e 1633.
342 Ursinus, The
Summe, p. 94. Ursinus a seus colegas, inclusive Girolamo Zanchius (f. 1590),
foram precedidos nesta espécie de pensamento por Wolfgang Musculus (f. 1563) e
Henry Bullinger.
343 Dudlay Fenner,
Sacra Theologia (Genebra: Vignon, 1589). Fanner poda lar sido o primeiro inglês
a falar deste tema.
344 Ursinus, The Summe, p. 39.
345 Ibid., p. 95.
346 Ibid., p. 39.
347 Perkins, Workes, 1: 541.
348 Ibid., 2: 322.
349 Ibid., 1: 115.
350 Ibid.
351 Calvino, Commentary, 1 Co. 1.9.
352 Institutes. III. ii. 38.
353 Commentary. Js 3.10.
354 Institutes, III. xiv. 19.
355 Commentary, 1 Jo 3.19.
356 Ibid.
357 Commentary, Rm 10.10.
358 Institutes, II. iii. 6.
359 Institutes, III. ii. 16.
360 Commentary, Dt 29.4.
361 Perkins, Workes, 1: 126.
362 Ibid., 1: 362.
363 Ibid., 1: 290.
364 T. FuIler, The Holy State (O Estado Santo) (Londres:
1848), p. 82.
365 N. M. Knappen,
ad., Two Elizabethan Diaries (Dois Diários Elizabatanos) (Londres, 1933), p.
109.
366 The Works of Thomas Goodwin (As Obras da Thomas
Goodwín) (EdimLurgo: Nichol, 1861), 2: lviii.
367 Briefe
Directions vnto a godly Iife (Breves Orientações para uma Vida Piedosa) (1618),
p. 30.
368 The Complete Works of Richard Sibbes. D. D. (As Obras
Completas da Richard Sibbes, D. D.) (Edimburgo: Nichol, 1862), 1: 45.
369 Ibid., p. 46.
370 Ibid., 7: 446.
371 Ibid., 2: 47.
372 Ibid., 3: 467.
373 Perkins, Workes, 1: 628.
374 Sibbes, Complete Works (Obras Completas), 6: 522.
375 J. Cotton, Christ the Fountain of Life (Cristo, A
Fonte da Vida) (Londres: Ibbitson, 1656), p. 40.
376 Ibid., p. 41.
377 Ibid., p. 43.
378 Ver minha obra “John Cotlon — First English
Calvinist?’ (John Cotton — Primeiro Calvinista Inglês?) Westminsler
Conference Papors (Jornal das Reuniões da Westminster( (1976).
379 John Preston, New Covenant (Nova Aliança) (Londres: Dawson,
1630), pp. 317- 318.
380 Ibid., pp. 321-325.
381 Ibid., p. 358.
382 Ibid., p. 389.
383 Ibid., p. 392.
384 John Preston, The Breast-Plate of Faith and Love (O
Peitoral da Fé e do Amor) (Londres: Jones, 1630), 1: 63.
385 Ibid., p. 64.
386 Devo esta frase
a J. I. Packer. Ele a utilizou numa conversa para descrever determinados
“puritanos”.
387 Giles Firman,
The Real Christian (O Verdadeiro Cristão) (1670). p. 19.
388 Unbeleevers
Preparing (Preparação de Incrédulos) (1638), p. 1.
389 The Soules
lmplantation (A Implantação de Almas) (Londres: Young, 1637), p. 26.
390 Unbeleevers
Preparing (Preparação de Incrédulos), p. 120.
391 W. Amas, The
Marrow of Sacred Divinity (A Essênçia da Sagrada Divindade) (Londres: Griffin,
1643), pp. 8-9, passim.
392 W. Ames, An
Analyticall Exposition of Both the Epistles of the Apostle Peter (Uma Exposição
Analítica de Ambas as Epístolas do Apóstolo Pedro) (Londres: Rothwell, 1641),
p. 4.
393 Ibid.
394 E. Calamy, Gods
Free Mercy to England (A Graça Misericordiosa de Deus para com a Inglaterra)
(Londres: Meredity, 1642), p. 20.
395 Journals of the
House of Lords (Jornais da Câmara dos Lordes) Is. fl, 6: 93.
396 Minutes of the Sessions of the Westminster Assembly of Divinos (Minutas
das Sessões da Assembléia de Clérigos de Westminster) (Edimburgo: Blackwood,
1874), p. 270.
Fonte:
KENDALL,
R. T. A Modificação Puritana da Teologia de Calvino. In: REID, W. Stanford.
Calvino e Sua Influência no Mundo Ocidental. São Paulo: Casa Editora
Presbiteriana, 1990.
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